As Aventuras do Linito/O barroco de Vale Forno
As aventuras do Linito
A caminho da Ribeira
O barroco de Vale do Forno
Em 1955 com sete anos e alguns meses, o Linito andava na segunda classe do ensino primário na escola Primária de Vale de Vaz.
Franzino mas espevitado, no fim adas aulas lá ía mais a Noémia, a Manela e o José António, arranjar comida para as ovelhas que na altura em que as terras estavam todas com culturas de milho, trigo, batatas ou as videiras cobertas de folhagem e uvas, não permitiam que se andasse por ali com as ovelhas nas pastagens.
Então era necessário encontrar erva ou outros vegetais para alimentar o gado que ficava nos currais por tempo indeterminado.
Nesse dia foi só o Linito mais a Noémia à procura de comida e foram com uma corda e uma cesta a Vale do Forno buscar um molho e uma cesta de rama das videiras que o pai tinha andado a desramar na no dia anterior.
A Noémia era muito bruta e com mais ou menos dez anos, fazia cada carrego que depois se via às aranhas para trazer para casa, tal como aconteceu nesse dia fatídico.
Tinha o Linito o seu carrego já feito e estava pronto para regressar a casa, a Noémia pede-lhe ajuda para colocar em cima da cabeça a enorme cesta de rama que tinha mais de meio metro de altura.
Desce para dentro do barroco para aproveitar o desnível e o Linito em cima na borda do barroco tantava a todo o custo levantar o carregamento até à altura da cabeça dela.
Como o peso era grande e também não havia condições, puxa para lá, puxa para cá e eis que os dois se desiquilibram e vai a cesta para o chão, o Linito mergulha de cabeça dentro do barroco e a Noémia mergulha de cabeça na terra batendo com ela contra uma videira.
Entre choradeira e asneiredo de criar bicho vamos avaliar os danos, vimos então que a Noémia tinha um grande galo na testa e o Linito tinha o pulso direito virado do avesso e a inchar rapidamente.
Dali à casa do Ti Joaquim Catrapeiro que morava nas casas do Ti João de Vale do Forno era um saltinho e lá fomos os dois pedir socorro à mulher que coitada, pouco poderia fazer.
Ao Linito deu-lhe dois esticões no braço e colocou uma ligadura bem apertada , à Noémia colocou um pacho de água fria que aliviou a dor pelo menos por algum tempo.
O Linito tinha a prova de passagem para a terceira classe marcada para o dia seguinte e não podia faltar sob pena de ficar mais um ano na segunda classe e isso estava fora de questão.
Então com o pulso direito ligado e quase sem força para segurar a caneta lá fez a prova coforme foi possível mas passou para a terceira classe.
No dia seguinte foi ao hospital e constatou-se que tinha o rádio ou o cúbito partido.
Embora não tivesse achado grande piada, tanto o Doutor Vicente como o Sr Ferraz enfermeiro, fizeram-lhe uma grande festa pelo feito heroicamente conseguido.
Fazer a passagem de ano escolar com o braço direito partido não era feito para qualquer um.